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Thomaz Brasil sobre toras de madeira no Pará

Madeiras: um Mundo de Possibilidades

Tornearia pode utilizar uma enorme variedade de madeiras, sendo as madeiras comerciais apenas uma pequena parte delas. As que uso em meus trabalhos são, em sua maioria, troncos, vigas e caibros coletados ou que me foram presenteados por terceiros, fruto de podas, obras ou outras situações. Não há, no entanto, incentivo financeiro para que eles cortem as árvores e me dêem suas madeiras. As podas devem estar atorizadas pelos órgãos responsáveis e os motivos variam, mas em geral tem a ver com segurança do entorno ou estado fragilizado da árvore.

Às vezes uso peças provenientes de madereiras registradas e, quando possível, tem sua origem comprovada. Mais raramente, uso madeiras coletadas em bosques, matas e mesmo parques. Quando aplicável, há permissão das autoridades pertinentes e em hipótese alguma a madeira é retirada de árvores vivas.

O uso de madeiras não comerciais coletadas traz a meu trabalho dois aspectos importantes:
- Permite que meus objetos tenham características únicas, já que não ficam limitados às madeiras comuns disponíveis em serrarias;
- A rotatividade de madeiras é grande, o que dificulta o fornecimento de grandes quantidades de objetos em madeira padronizada. Obviamente, não considero esta segunda situação um problema. É apenas a constatação de que minhas coleções tem um aspecto mais exclusivo justamente devido à essa rotatividade de matéria prima.

Entre as madeiras coletadas que me chegam ao torno, algumas espécies são mais comuns: o Pinheiro de Natal (Araucaria Columnaris) e os Pinus (Pinus Eliotti / Ponderosa). São facilmente encontradas na região e sua madeira é boa de trabalhar. Sendo àrvores grandes e de queda ou poda costumeiras, volta e meia me chegam toras. Ciprestes e outros tipos de pinheiros também já foram usados de forma bastante satisfatória.

Entre as árvores frutíferas, a Ameixeira-amarela ou Nespereira (Eriobotrya japonica), se tornou rapidamente uma de minhas preferidas. Além de corte excepcional, a madeira tem cheiro e cores fantásticos.

Entre as madeiras mais duras, Jatobá (Hymenaea courbaril), Maçaranduba (Manilkara huberi) e Angelim-pedra (Hymenolobium petraeum) são de fácil aquisição em serrarias ou em restos de obras, principalmente de telhados. Embora as peças finais fiquem muito bonitas, as madeiras são muito duras, mais difíceis de trabalhar e dar acabamento.

Outras madeiras que se mostraram boas de trabalhar e resultaram em objetos muito bonitos foram a Castanheira (Castanea sativa) e o Vinhático (Plathymenia foliolosa). Ambos tem belos veios e cores que valorizam os objetos.

Algumas das madeiras utilizadas, no entanto, não tem valor comercial algum. Entre estas, já usei Paineira (Chorisia speciosa), Abacateiro (Persea ameicana) e Fruta do Conde (Annona squamosa), cujas madeiras são muito porosas, leves e de difícil acabamento.

Às vezes, no entanto, estas madeiras que "não são adequadas ao trabalho" nos presenteiam com belíssimos objetos. Meu conselho a quem estiver disposto é dar uma chance à madeira, ela vai surpreender.

Contribuições

Se você quiser contribuir com madeiras para meus projetos, elas serão muito bem vindas mas, por favor, lembre-se que as árvores devem ser podadas somente com autorização dos órgãos responsáveis e eu NÃO COMPRO madeira de terceiros que não sejam madereiras ou serrarias registradas.

Também não realizo podas, apesar de ter equipamento e algum conhecimento sobre o assunto. Por favor busque um profissional qualificado e registrado para o serviço, assim como garanta as licenças e autorizações necessárias para o corte/poda da árvore.

Para mais informações sobre como contribuir com madeiras e/ou podas, por favor entre em contato.